Bolsonaro volta ao Brasil pela primeira vez desde as eleições

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Três meses depois de partir para os Estados Unidos nas horas finais de seu mandato, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro voltou para casa na quinta-feira para reentrar na política – complicando a vida de seu sucessor e adversário, Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-capitão do Exército de direita, que saiu da cidade dois dias antes da posse de Lula em 1º de janeiro, voltou a Brasília em um voo comercial de Orlando, na Flórida.

Dezenas de apoiadores agitando a bandeira brasileira – um dos símbolos de Bolsonaro – estavam na área de desembarque do aeroporto para recebê-lo, gritando e cantando o hino nacional, apesar das medidas das autoridades para bloquear uma manifestação planejada de boas-vindas.

“Esperávamos por este momento há muito tempo. Esperávamos por isso desde 1º de janeiro”, disse à AFP Eva Melgaco, esteticista de 46 anos.

Porém, Bolsonaro saiu discretamente por outra saída. Fazendo sinal de positivo para as câmeras de TV, ele entrou em uma carreata que se dirigia à sede de seu Partido Liberal (PL), ladeada por carros da polícia.

A volta ao lar é uma aposta de alto risco para Bolsonaro, que enfrenta problemas legais em várias frentes no Brasil – principalmente por seu suposto papel em incitar apoiadores que invadiram os corredores do poder em 8 de janeiro em uma tentativa fracassada de derrubar Lula, o veterano esquerdista que o derrotou em uma eleição polêmica em outubro.

A tensão estava alta em Brasília, onde a multidão exuberante de cerca de 200 apoiadores no aeroporto era protegida por um forte destacamento policial.

As autoridades disseram que, se necessário, estavam preparadas para fechar a praça central que abriga o palácio presidencial, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, onde os apoiadores de Bolsonaro se revoltaram em 8 de janeiro.

Bolsonaro, de 68 anos, deve começar um novo trabalho na próxima semana como presidente honorário do Partido Liberal, ganhando 41.600 reais por mês.

O ex-presidente (2019-2022), que recentemente alugou uma casa em um condomínio fechado em Brasília, disse que pretende cruzar o Brasil “fazendo política” e “mantendo a bandeira do conservadorismo”.

Mas “não vou liderar nenhuma oposição”, disse Bolsonaro à CNN Brasil enquanto se preparava para embarcar em seu voo.

“Você não precisa se opor a este governo. Ele cria a oposição por si só.”

– Retorno do ‘Messias’ –

O Partido Liberal parecia pronto para manter a chegada discreta, dizendo que Bolsonaro viajaria do aeroporto para a sede do partido, onde sua esposa, Michelle, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e “outras autoridades” estariam esperando para recebê-lo em uma sala fechada. evento de porta.

Mas os defensores linha-dura de Bolsonaro fizeram apelos virais nas mídias sociais para que os apoiadores comparecessem em massa para receber o homem que eles chamam de “Messias” – ou “Messias”, o nome do meio de Bolsonaro.

Alguns apoiadores pediram um dos comícios de motocicletas que são a marca registrada do ex-presidente, prometendo: “Brasília vai parar”.

“Vamos preparar o caminho para o retorno de Bolsonaro à presidência”, disse Gustavo Gayer, estrela do YouTube que se tornou congressista, em um vídeo, pedindo uma participação massiva.

O retorno de Bolsonaro pode reenergizar a oposição, que foi enfraquecida por seu exílio auto-imposto e a reação generalizada à violência e destruição dos distúrbios de 8 de janeiro.

“Tivemos cinco meses de uma oposição basicamente desmantelada. Agora, o retorno de Bolsonaro ao Brasil parece destinado a unir a direita”, disse à AFP o analista político Jairo Nicolau, da Fundação Getulio Vargas.

“Isso pode fazer muita diferença. Lula vai ter que governar com uma oposição unida.”

– Problemas legais –

Mas Bolsonaro enfrenta inúmeros problemas legais.

Eles incluem nada menos que cinco investigações da Suprema Corte que poderiam mandá-lo para a prisão – inclusive por supostamente incitar os distúrbios de 8 de janeiro – e um escândalo recente sobre alegações de que ele tentou importar ilegalmente e manter milhões de dólares em joias doadas a ele e sua esposa pela Arábia Saudita em 2019.

A polícia convocou Bolsonaro na quarta-feira para prestar depoimento no caso das joias sauditas em 5 de abril, disseram autoridades à AFP.

Ele também enfrenta 16 processos perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que podem cassá-lo do direito de concorrer por oito anos, tirando-o da corrida presidencial de 2026.

Bolsonaro admitiu que poderia enfrentar problemas.

Avaliando suas chances em uma reunião com líderes empresariais brasileiros nos Estados Unidos no início deste mês, ele reconheceu que poderia ser declarado inelegível para concorrer a um cargo.

“Mas eles não vão me mandar para a prisão, a menos que haja algum tipo de decisão arbitrária”, disse ele.


Publicado em 31/03/2023 13h24

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