Entenda envolvimento de Cachoeira em escândalo no governo Lula

O primeiro escândalo – Duas reportagens de capa de ÉPOCA sobre negociações entre um empresário e um assessor do Planalto mostram a corrupção ligada ao governo Lula

Waldomiro Diniz, ex-subchefe de gabinete da Casa Civil durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, foi acusado, em 2004, de comandar um esquema de cobrança de propina quando era presidente da Loterj, estatal de loterias do estado do Rio de Janeiro, em 2002.

À época, era suspeito de negociar vantagens na renovação de contrato entre a Caixa Econômica Federal e a multinacional de processamentos de loteria GTech com o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso preventivamente nesta quarta-feira (29) sob acusação de comandar quadrilha de exploração de jogos com máquinas caça-níqueis.

Uma gravação, que teria sido encomendada pelo próprio Cachoeira, revelava o esquema e colocava Waldomiro no centro de negociações para arrecadação de propina para campanhas eleitorais do PT. Nas imagens, entregues pelo então senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e reveladas em reportagem da revista “Época”, o ex-funcionário da Casa Civil aparece discutindo valores com o bicheiro na sala de uma de suas empresas no Rio.

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Cachoeira e Valdomiro

Carlinhos Cachoeira, segundo reportagem do “Jornal Nacional” de março de 2004, também aparece em gravação com o então subprocurador da República, José Roberto Santoro, que tentava convencê-lo a entregar as gravações para o Ministério Público. Na ocasião, ambos foram acusados por aliados de Lula de conspirar para derrubar o governo.

O caso Waldomiro Diniz foi o primeiro escândalo de corrupção do governo Lula e viria a gerar, em 2005, uma sucessão de acusações de arrecadação irregular de dinheiro de campanha.

Consequências

Em janeiro do ano passado, a 10ª Vara da Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público Federal no DF contra Waldomiro Diniz e outras sete pessoas, entre elas Carlinhos Cachoeira, acusadas de tráfico de influência e corrupção durante as negociações para renovação do contrato entre a Caixa e a multinacional GTech, em 2003.

Na denúncia, o MPF afirma que Diniz “tinha por hábito cobrar propina e assim buscava nova fonte de recursos”. Os envolvidos são acusados dos crimes de estelionato, corrupção ativa e passiva e concussão (exigir dinheiro ou vantagem em razão da função que ocupa).

Em 2009, Waldomiro Diniz foi condenado por improbidade administrativa na esfera cível, respondendo pelo mesmo caso. A Justiça determinou que ele pagasse cinco vezes o valor do salário que recebia na época das supostas irregularidades, em valores corrigidos, além de R$ 5 mil em honorários advocatícios.


Publicado em 22/09/2022 11h26

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