Na madrugada de terça-feira, 25 de maio, residentes de Miska, uma pequena comunidade cristã na região do Curdistão no norte do Iraque, foram despertados por explosões ensurdecedoras quando foguetes turcos atingiram o solo a apenas 100 metros de suas casas. O ataque causou danos estruturais a vários prédios da comunidade, incluindo a igreja local, gerando uma condenação da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos (USCIRF).
A comissária da USCIRF, Nadine Maenza, declarou seu desânimo pela negligência do governo turco na condução do ataque aéreo e implorou aos militares turcos que cessassem suas atividades na região para evitar mais danos a não-combatentes na região do Curdistão e suas comunidades.
Infelizmente, os bombardeios turcos se tornaram uma realidade muito frequente para aqueles que vivem na região do Curdistão. Os residentes de duas aldeias a poucos quilômetros de Miska optaram por abandonar suas casas, desarraigando todo o seu sustento para escapar de futuros bombardeios. Em Miska, apenas oito famílias permanecem, um número que provavelmente diminuirá após o terror deste ataque mais recente. Os ataques aéreos da Turquia colocaram comunidades cristãs vulneráveis como Miska no fogo cruzado de um conflito do qual não desejam participar.
Os bombardeios da Turquia no norte do Iraque acontecem no contexto de um conflito de décadas entre o governo turco e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma milícia curda armada que busca expandir os direitos dos curdos dentro das fronteiras da Turquia. Os confrontos da Turquia com o PKK começaram há mais de 30 anos, mas aumentaram violentamente nos últimos anos. Miska é uma das centenas de aldeias na região que foram indiscriminadamente alvejadas por ataques aéreos turcos, o que levou à condenação da comunidade internacional pelo fracasso da Turquia em diferenciar alvos civis de alvos militares. Desde o início da atividade militar da Turquia na região do Curdistão, 504 aldeias foram abandonadas, incluindo pelo menos 150 comunidades cristãs assírias, muitas das quais não tinham conexão evidente com o PKK.
Ser pego no fogo cruzado de um conflito que não os preocupa diretamente é o mais recente exemplo de perseguição contra a vulnerável comunidade cristã assíria na região do Curdistão. Tendo sofrido severa opressão durante o reinado de terror do ISIS no norte do Iraque, o recente aumento nos ataques aéreos turcos perpetuou sua perseguição, mesmo após o colapso do Estado Islâmico. A Turquia deve fazer mais para garantir que suas atividades militares não prejudiquem não-combatentes, incluindo cristãos assírios, em seu conflito em curso com o PKK. Embora as críticas públicas da USCIRF aos ataques aéreos da Turquia ajudem a aumentar a conscientização sobre a situação dos cristãos assírios no norte do Iraque, é improvável que essas comunidades encontrem descanso no futuro próximo.
Publicado em 06/06/2021 12h28
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