Os detalhes de que os Estados Unidos apreenderam gasolina a bordo dos navios-tanque foram parte de um esforço de Washington para impedir os embarques multibilionários de combustível para a Venezuela que violam as sanções americanas.
“Essas ações representam a maior apreensão de carregamentos de combustível do Irã pelo governo”, disse o Departamento de Justiça dos EUA. Os Estados Unidos prometeram reduzir as exportações de petróleo e gás do Irã a quase zero.
O Irã tem capacidade para produzir 3,7 milhões de barris de petróleo por dia e consome cerca de 1,7 milhão deles por dia. Os Estados Unidos cortaram as exportações de petróleo iraniano em 2,7 milhões de barris por dia, informou a Reuters em 20 de agosto de 2019, mas as sanções não cortam tudo. No início deste ano, um comboio de navios iranianos foi detectado perto do porto de Baniyas, na Síria, supostamente carregando cerca de 6,8 milhões de barris de petróleo. Grupos como Tanker Trackers ajudam a rastrear esses tipos de remessas. O Irã também está armazenando cerca de 30 milhões de barris de petróleo no mar em uma frota de superpetroleiros, segundo relatórios de maio.
Esse “armazenamento flutuante” pode ter chegado a 50 milhões de barris em julho. Em julho passado, um petroleiro chamado Grace 1 foi brevemente interceptado com 2,1 milhões de barris a caminho da Síria. Em retaliação, o Irã apreendeu um navio-tanque britânico.
O Irã exporta gasolina para a Venezuela porque o país precisa urgentemente de gasolina, não do petróleo que ele próprio já produz. No início deste ano, cinco navios-tanque iranianos foram abastecidos com gasolina e partiram para a Venezuela, chegando em maio. Isso trouxe milhões de barris de gasolina e os Estados Unidos prometeram impedir mais embarques.
Em 2 de julho, foi revelado que mais quatro navios estavam indo para Caracas. Os Estados Unidos agora não só apreenderam o carregamento, mas afirmam que também tinham milhões de dólares em dinheiro, que poderiam ser entregues às vítimas do terror (venezuelanos).
Como ocorreu o “confisco”? Cerca de 1.116 milhões de barris de carga foram retirados dos petroleiros, chamados Bella, Pandi, Luna e Bering. No entanto, os navios foram parados sem força militar. O site Trade Winds observa que “parece que os interesses de propriedade dos quatro concordaram em uma transferência de navio para navio.”
Pressão foi colocada sobre os proprietários. Os navios já haviam desligado seus transponders AIS para dificultar sua localização. Bella e Bering foram os primeiros a fazer isso, seguidos por Pandi e Luna. Todos os quatro navios ostentam a bandeira liberiana e estão ligados ao IMS e George Gialozoglou, afirmou Trade Winds.O New York Times disse que os Estados Unidos informaram Gialozoglou que os carregamentos violariam as sanções americanas.
O Wall Street Journal observou que “Giorgios e Marios Gialozoglou administram ou possuem uma rede de empresas com sede em Pireu, Grécia.” Samir Madani, da Tanker Trackers, observou que as transferências de navio para navio ocorreram no Oceano Atlântico e no Mar da Arábia. Pandi e Luna foram vistos pela última vez no Golfo de Omã, enquanto Bering e Bella estavam transitando do Mediterrâneo para o Atlântico.
O anúncio dos EUA foi feito no momento em que Washington estava perdendo uma tentativa da ONU de estender o embargo de armas. A apreensão do combustível sem nenhum grande incidente reflete uma história de sucesso para a administração Trump. Atualmente, a pessoa-chave do governo no Irã, Brian Hook, está assumindo o cargo e Elliot Abrams assumirá seu papel. A apreensão de gás e dinheiro pode ser o último sucesso real de Hook em seu escritório. Ele deveria estar coordenando a pressão máxima sobre o Irã desde setembro de 2018.
Publicado em 15/08/2020 12h30
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